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Challenge Based Learning

Como aprendemos – e de quantas formas isso pode acontecer?

Refletir sobre essa pergunta pode trazer muitos insights interessantes, especialmente ao questionarmos se a forma como estamos acostumados a aprender é, de fato, a que mais combina com a gente. Esse é o momento ideal para explorar novas formas de aprendizado e entender como elas podem nos ajudar a criar soluções e produtos mais inovadores.

De maneira geral, nas escolas e universidades, seguimos um modelo bem tradicional: acompanhar o conteúdo de um livro ou de um cronograma, assistir a aulas, fazer exercícios e, no fim, provar que aprendemos por meio de uma prova ou trabalho. Esse formato funciona para muitas pessoas e em diversos contextos. Porém, será que ele funciona para todo mundo, o tempo todo?

Quem nunca teve a sensação de estar aprendendo algo que talvez nunca vá usar na vida? Esse sentimento é comum e totalmente compreensível. Afinal, aprender sem enxergar o propósito ou a aplicação prática pode ser desmotivador. E é justamente daí que surgem outras formas de aprender.

Aprendemos, por exemplo, a partir de um problema (como acontece quando um professor propõe um projeto), aprendemos experimentando (como quando tentamos fazer um bolo até acertar o ponto ideal) e aprendemos, principalmente, com os desafios que surgem no nosso caminho, ainda mais com aqueles nos quais escolhemos nos engajar ativamente para resolver.

Aprender com desafios?

O CBL, Challenge Based Learning, ou Aprendizagem baseada em desafios é um framework criado pela Apple para promover o uso significativo da tecnologia e tornar o aprendizado mais relevante. O CBL é um framework flexível que incentiva os aprendizes a serem coautores e corresponsáveis por suas experiências de aprendizagem. Ele oferece uma forma simples de abordar desafios pessoais, comunitários e globais, ao mesmo tempo em que promove a aquisição de conhecimentos nas mais diversas áreas, incluindo linguagens, matemática, ciências, tecnologias e artes.

1˚ Fase – Engage

Durante a fase de Engage, ou engajar, os aprendizes transformam uma ideia abstrata em um desafio concreto e realizável. O objetivo é estabelecer uma conexão pessoal com o conteúdo pesquisado por meio da identificação, desenvolvimento e apropriação de um desafio envolvente.

Big Idea

A Big Idea, ou área principal, é um tema amplo e relevante que pode ser explorado de várias formas. Deve ser importante tanto para você quanto para a comunidade. Não há restrições para a Big Idea.

Exemplo: Saúde, educação, animais, moradia, realidade virtual, etc.

Essential Question

A Big Idea permite gerar diversas Essential Questions, ou perguntas essenciais, que refletem interesses pessoais ou as necessidades da comunidade. Se perguntar “Por que isso é importante para mim?” ou “Onde esse conceito se conecta com o meu mundo?” é importante para formar a Essential Question. O processo culmina na formulação de uma pergunta significativa e pessoal.

Exemplo: “Como auxiliar pais a organizar a rotina da criança?”, “Qual a relação entre psicologia e literatura?”, “Como fazer pão?”.

Challenge

O desafio é a declaração que transforma a pergunta essencial em uma ação prática e realizável. Ele orienta o restante da jornada de aprendizagem.

Exemplo:

“Como auxiliar pais a organizar a rotina da criança?” (E.Q.) → “Auxiliar pais a organizar a rotina pós-escola de crianças do ensino infantil” (Challenge)

“Qual a relação entre psicologia e literatura?” (E.Q.) → “Relacionar conceitos da psicanálise com o romance Os Sertões” (Challenge)

“Como fazer pão?” (E.Q.) → “Fazer um pão para acompanhar café” (Challenge)

A fase de Engajamento se encerra com a formulação de uma declaração de desafio clara, convincente e viável.

2˚ Fase – Investigate

Com base no challenge proposto, os aprendizes desenvolvem experiências de aprendizagem contextualizadas e conduzem pesquisas aprofundadas para criar uma base sólida para soluções viáveis e sustentáveis.

Guiding Questions

A fase de Investigate, ou investigação, começa com a formulação de Guiding Questions, perguntas orientadoras relacionadas ao desafio. Elas englobam tudo o que precisa ser aprendido para se desenvolver uma solução bem fundamentada. As perguntas são organizadas e priorizadas para estruturar a jornada do aprendiz.

Exemplo: Em um challenge “fazer pão para acompanhar um café”, algumas Guiding Questions são:

  • Quais os tipos de fermentação de pão existem?
  • Com quais bebidas ou recheios eles combinam?
  • Quais máquinas são necessárias para fazer pão?

Activities and Resources

Toda atividade ou recurso que ajude a responder às perguntas orientadoras e a desenvolver uma solução relevante pode ser utilizado. Exemplos incluem conteúdos online, materiais acadêmicos, pesquisa literária, simulações, pesquisas com usuários, experimentos e estudos de caso.

Exemplo: Em um challenge “fazer pão para acompanhar um café”, algumas atividades podem incluir entrevistar um padeiro, experimentar diferentes pães em padarias, visitar cozinhas industriais, ou pesquisar receitas na internet.

Synthesis

Após abordar todas as perguntas orientadoras e registrar os resultados das atividades, os aprendizes analisam os dados reunidos e identificam padrões. A síntese começa com “Nós aprendemos…” e resume os principais aprendizados que fundamentarão a criação de um conjunto de soluções.

A fase de investigação se conclui com relatórios e apresentações que demonstram que os aprendizes responderam às perguntas orientadoras e chegaram a conclusões claras que sustentam a etapa seguinte.

3˚ Fase – Act

Na fase de Act, ou agir, soluções baseadas em evidências são desenvolvidas e implementadas com um público autêntico e os resultados avaliados. Os aprendizes colocam em prática o conteúdo adquirido.

Solution

Nessa fase, os aprendizes geram um conjunto de soluções que contemplem o challenge estabelecido. As soluções são baseadas nas evidências coletadas durante a fase de investigação e devem ser viáveis, sustentáveis e relevantes. A solução pode ser um produto, serviço, aplicativo, artigo, empreendimento ou qualquer outra forma que atenda ao desafio proposto.

Exemplo: Em um challenge ”Como auxiliar pais a organizar a rotina da criança”, possíveis soluções podem ser o desenvolvimento de um guia para pais, plano de aulas de um curso rápido sobre o assunto, um app que auxilie a criança a organizar suas atividades, a proposição de uma dinâmica gameficada para organização, etc.

Implementation

Depois que a solução é escolhida, é hora de planejar e executar sua implementação. Isso envolve definir etapas, dividir tarefas, estabelecer prazos e utilizar ferramentas e recursos necessários para transformar a solução em realidade. O processo pode incluir prototipagem, testes, ajustes e colaboração com outras pessoas ou especialistas, sempre documentando cada fase para garantir o acompanhamento do progresso e facilitar futuras melhorias.

Exemplo: Artigo (desenvolver o resumo expandido, selecionar referências que serão usadas), aplicativo (prototipar telas e implementá-las com uma linguagem de programação), empreendimento (prototipá-lo com o auxílio de um canva business model, desenhar customer journey map, etc.)

Evaluation

Depois de desenvolverem suas soluções, os aprendizes as implementam, medem os resultados, refletem sobre o que funcionou e o que não funcionou e determinam seu impacto no desafio.

Exemplo: Aplicações mobile (teste com usuário, teste com especialista), artigo acadêmico (revisão de especialista em pares), empreendimento (testar com métodos de Mínimo Produto Viável), produto alimentício (análise sensorial).

Quando a implementação estiver concluída, os aprendizes podem continuar a refinar a solução ou desenvolver um relatório de conclusão e compartilhar seu trabalho com o resto do mundo. O framework é um ciclo, portanto, os aprendizes podem voltar às fases anteriores para melhorar a solução ou explorar novos desafios.

Reflect, document and share

Durante todo o processo do CBL, os aprendizes documentam sua experiência usando áudio, vídeo, imagens e fotografia. A coleta contínua de conteúdo fornece recursos para reflexão, avaliação informativa e documentação do processo de aprendizagem.


Criatividade é só conectar coisas. Quando você pergunta a pessoas criativas como elas fizeram algo, elas geralmente se sentem um pouco culpadas porque elas não fizeram aquilo realmente, elas apenas viram alguma coisa. Steve Jobs